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Ricardo e Emanuel conquistam ouro inédito

23 jul 2007

Rio de Janeiro – Uma medalha de ouro inédita para o vôlei de praia brasileiro e para a carreira de dois vitoriosos atletas. Ricardo e Emanuel venceram os norte-americanos Hans Stolfus e Ty Loomis na decisão dos Jogos Pan-Americanos, esta tarde, na arena de Copacabana, por 2 sets a 0, com parciais de 21/19 e 21/13, em 47 minutos de jogo. A medalha de bronze ficou com os cubanos Alvarez e Munder, que derrotaram os canadenses Montgomery e Kruger, por 2 a 1 (21/19, 17/21 e 15/11).

“Este é um título tão importante quanto o dos Jogos Olímpicos, por ser o único que faltava na nossa carreira, e que tem um valor ainda mais especial, por ter sido no Rio de Janeiro, onde também obtive minha primeira vitória no Circuito Mundial, em 98, com o Zé Marco. Isso só aumenta a importância dessa conquista”, ressaltou Ricardo.

Campeões olímpicos em Atenas, em 2004, tetracampeões do Circuito Mundial (2003, 2004, 2005 e 2006), campeões mundiais em 2003, e tricampeões do Circuito Banco do Brasil (2002, 2003 e 2006), Ricardo e Emanuel terminaram o Pan-Americano invictos, com seis vitórias, e nenhum set perdido.

“Para nós o Pan começou em janeiro de 2006, quando fizemos uma reunião de planejamento com a nossa equipe. Sabíamos que estes dois anos seriam difíceis. Se hoje somos campeões, houve um bom planejamento. No dia 16 de julho, quando chegamos no Rio, sentimos a energia. Conseguimos controlar bem a nossa chave da fase de classificação, e acredito que o jogo mais difícil foi a final. Essa dupla americana é jovem, tem muita disposição, e não tinha a pressão de vencer. Acho que a vitória veio com a nossa experiência. Tiramos algumas jogadas da cartola, com mágica, e com o apoio da torcida”, afirmou Emanuel.

A dupla dos Estados Unidos foi formada este ano, e o Pan-Americano foi a primeira competição dos atletas fora de seu país e o quarto torneio juntos. Desconhecidos dos brasileiros, eles deram trabalho no primeiro set. Depois de Ricardo e Emanuel abrirem uma vantagem de 3/1 no placar, Stolfus e Loomis passaram à frente, e chegaram a abrir uma diferença de quatro pontos, fazendo 12/8, aproveitando-se do saque forçado e de dois erros de finalização dos campeões olímpicos.

Dois bloqueios, um de Emanuel, e outro de Ricardo, mostraram que a dupla brasileira estava ligada, e tentando encontrar o caminho da vitória. Com o placar empatado em 18/18, Emanuel fez uma excelente defesa – questionada pela dupla dos Estados Unidos – e acertou uma bola indefensável. Em seguida, um novo bloqueio de Ricardo. O último ponto veio com um ataque de Emanuel: 21 a 19, em 25 minutos.

No segundo set, Stolfus e Loomis continuaram a dar trabalho para os brasileiros. A dupla dos Estados Unidos equilibrou o jogo novamente até o oitavo ponto. Mas a partir de um saque de Ricardo, vieram mais sete pontos consecutivos dos campeões olímpicos. Foram ainda mais dois aces e um contra-ataque de Ricardo, dois bloqueios de Emanuel, e um erro de ataque dos norte-americanos. O placar de 16 a 8, já mostrava que o ouro já tinha dono. Ricardo e Emanuel chegaram à vitória e ao título inédito por 21 a 13, após 22 minutos.

Emanuel agradeceu à torcida o carinho e o apoio durante toda a semana do Pan-Americano. A dupla ergueu a bandeira no centro da arena de Copacabana.

“Tenho muito orgulho de ser brasileiro. Obrigado por vocês estarem aqui”, disse, emocionado, o maior vencedor da história do Circuito Mundial. No pódio, ele segurou as lágrimas.

“Falei para o Ricardo que iria chorar, mas ele me olhou sério, e eu segurei um pouquinho o choro”, admitiu Emanuel, que considerou o parceiro o herói da decisão.

“No primeiro set não tínhamos noção de como eles jogavam. Demorou para a gente sintonizar e achar um meio de jogar contra eles. No início do set, mudamos a nossa estratégia, até encontrar o ponto. O saque do Ricardo começou a facilitar o nosso trabalho. Por isso, para mim, ele foi o herói da partida”.

“Acho que o saque foi um fator que somou muito, porque deu uma confiança maior para a gente arriscar. Nos momentos difíceis do jogo conseguimos manter a tranqüilidade e o foco da partida. Soubemos impor nosso ritmo. Saquei bem e o Emanuel também bloqueou bem”, completou o atleta baiano.

Após a vitória, Ricardo sentou-se sozinho, no banco, com a toalha na cabeça. “Naquele momento parei para agradecer às pessoas que fazem com que nosso time seja vitorioso. Aos amigos, parentes. Veio na minha lembrança o começa da minha carreira, e tentei curtir aquele momento ali, sozinho”.

Emanuel também passou por um momento semelhante durante o jogo, quando foi para o saque no final do segundo set, e a torcida já gritava o nome dos dois jogadores e a frase “É campeão”.

“Naquela hora vi que todos ali eram iguais, independente de raça, ricos, pobres. E aquilo me deixou muito feliz. Me emocionei e me senti orgulhoso de estar representando o meu país”.

Próxima parada: Suíça

Mal terminou a coletiva de imprensa, Ricardo e Emanuel seguiram direto para o aeroporto. Na próxima terça-feira, a dupla iniciará a briga pelo título do Campeonato Mundial, que conquistou em 2003, também no Rio. A competição dá mil pontos para o time vencedor, uma pontuação atraente na corrida para os Jogos Olímpicos de 2008 – o Brasil terá duas equipes masculinas e duas femininas em Pequim.

“O planejamento foi feito para sairmos do Rio hoje, chegarmos na segunda, na Suíça, e já jogarmos na terça, às 9 horas. Durante o Pan, tivemos que nos manter no fuso horário de lá. Acordamos todos os dias às 5 horas, e às 20h30, íamos dormir. É um pouco difícil fazer isso, mas pelo bem do Brasil, valeu a pena. Estamos com a cabeça boa para o Mundial”, afirmou Emanuel, que não pôde contar com a torcida da namorada Leila, na final, já que ela e a parceira Ana Paula embarcaram para Gstaad, no sábado.

Emanuel também fez questão de deixar um recado para um amigo: o judoca Flávio Canto, que sofreu uma luxação no cotovelo direito durante as semifinais do Pan, e perdeu a chance de medalha. “É hora de dar uma força para o grande guerreiro”, ressaltou.

Fonte: CBV

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