Vôlei de Quadra
Publicado 23 de julho de 2007
CompartilharRio de Janeiro, 21/7/2007 – A medalha de ouro era certa, e ela veio. A torcida apostou, e a arena ficou praticamente lotada. Larissa e Juliana deixaram a arena de Copacabana com o sentimento de missão cumprida. No final da noite deste sábado, elas fizeram o Hino Nacional do Brasil tocar pela primeira vez nas areias de Copacabana, com a conquista do título pan-americano. Na decisão, as bicampeãs brasileiras e do Circuito Mundial confirmaram seu favoritismo e derrotaram as cubanas Larrea Peraza e Dalixia Fernandez por 2 sets a 0, com parciais de 21/15 e 21/17, em 41 minutos. O resultado foi o melhor presente de aniversário para Juliana, que neste domingo, completa 24 anos. Na disputa da medalha de bronze, as mexicanas Mayra Garcia e Bibiana Candelas superaram as canadenses Marie Lessard e Sarah Maxwell por 2 a 0 (22/20 e 21/15), após 45 minutos de partida.
O Pan-Americano foi traçado pela dupla brasileira como um dos principais objetivos em 2007. Com a conquista da medalha de ouro, veio o alívio de missão cumprida. E foi tão fácil quanto se esperava. A equipe de Cuba, que defendia o título conquistado há quatro anos, em Santo Domingo, até tentou, mas não conseguiu se sobressair diante da superioridade de Larissa e Juliana. No primeiro set, Fernandez e Larrea chegaram a estar na frente do placar por três vezes, fazendo 2/1, 3/2 e 4/3. Mas era só o início do jogo, e a torcida sabia disso. Com o marcador em 20/12, as meninas do Brasil ainda desperdiçaram três set-points. A vitória por 21 a 15 veio com um ataque de Larissa.
No segundo set, mais uma vez as cubanas largaram na frente: 3 a 1. O placar ficou equilibrado até o empate em 10/10. Daí para frente, o bom saque e as finalizações perfeitas fizeram com que Larissa e Juliana sentissem a medalha de ouro cada vez mais perto. O grito de “É campeão” começou a ser ouvido na arena a partir do 15º ponto. O último, o da conquista, veio com a aniversariante Juliana.
A comemoração terá que ser rápida. No final da tarde deste domingo, Larissa e Juliana i8rão embarcar para a Suíça, onde na quarta-feira estrearão no Campeonato Mundial, competição que também faz parte do planejamento da dupla.
“Este Mundial é um dos nossos objetivos. Além de ser um campeonato que só acontece de dois em dois anos, é importante porque dá mais pontos no ranking mundial do que as outras etapas. E isso faz com que a gente dê uma arrancada na disputa da vaga para as Olimpíadas. Vamos levar a energia positiva desse Pan-Americano. A torcida me fez reviver um sentimento que estava apagado em mim já há algum tempo, que é estar feliz dentro de uma partida, e de estar fazendo o que gosto, que é jogar vôlei de praia. Acho que vou levar isso comigo por um bom tempo, e este Mundial, na Suíça, será especial por estes momentos que vivi no Pan. De batalha em batalha, vencemos a guerra”, ressaltou Larissa.
“Esta semana quem me chamou a atenção no Pan foi a Ednanci (judoca). O pensamento era, independente de quem estivesse do outro lado, chegar e vencer. Estávamos jogando em casa, e tínhamos a pressão, a responsabilidade, mas soubemos passar por isso. Às vezes a gente não vive os momentos de alegria com as conquistas porque estamos sempre arrumando as malas para disputarmos outro campeonato. Neste Pan-Americano jogamos o tempo todo felizes, curtindo o momento. Chegamos como favoritas, e fizemos a lição de casa”, afirmou Juliana.
Esta é a segunda medalha de ouro do vôlei de praia feminino do Brasil na história dos Jogos Pan-Americanos em três edições. A primeira foi conquistada por Adriana Behar e Shelda, em Winnipeg´99. Em Santo Domingo, em 2003, o país foi representado por Larissa e Ana Richa, que ficaram com a medalha de bronze.
“Foram dois momentos totalmente diferentes. O Pan de Santo Domingo foi um momento de descoberta para mim. Tudo era novidade e, ao mesmo tempo, maravilhoso. Hoje, tenho mais maturidade. Eu e a Juliana passamos por muitos momentos de dificuldades, e no pódio vem as lembranças de tudo. A Ana Richa é uma pessoa que tenho muito carinho. Ela me ajudou muito. Infelizmente ela não pôde vir, mas tenho certeza de que ficou muito feliz por mim e orgulhosa também”, disse Larissa.
Após o Campeonato Mundial, Larissa e Juliana ainda terão mais uma etapa Grand Slam do Circuito Mundial, na Áustria, que igualmente distribui uma pontuação melhor do que os demais torneios do ano.
“Todos os dias focalizamos nossos treinos em função do Circuito Mundial, exceto hoje, que foi mais dirigido para o jogo contra as cubanas. Este é mês D. Treinamos muito, desde o início do ano, com o pensamento voltado para julho”, disse Juliana.
As cubanas Fernandez e Larrea elogiaram o vôlei brasileiro, tanto na praia, quanto nas quadras. “Nos dois últimos anos, a Larissa e a Juliana melhoraram bastante. Estou muito contente com a medalha de prata. Sabíamos que esta final seria bastante difícil. Lutamos pelo ouro, este era o nosso objetivo. Praticamente treinamos nove meses em Cuba. Não temos contato com equipes de outros países, como Brasil, Estados Unidos e China, que se destacam no Circuito Mundial”, disse Larrea. “O Brasil seria uma base ideal para complementarmos nosso trabalho e elevar nosso nível”, completou.
Questionada sobre o por que das eternas provocações das cubanas nas partidas com a seleção brasileira, Larrea fez questão de ressaltar que isso acontece apenas no vôlei indoor. “Isso é coisa do passado. Vem desde os tempos de Mireya, Regla Torres. Mas não é uma conduta geral dos cubanos. Nem treinamos para isso, e nem é Fidel quem manda. Pelo contrário, ele é uma pessoa muito calma”.
O técnico das brasileiras, Reis Castro, disse que agora a responsabilidade é maior. E a preocupação também. O momento é de dar o descanso necessário para Larissa e Juliana antes da estréia no Mundial. “Para mim, este Pan-Americano já passou. Terminou no último ponto. Assim como em 2006 fizemos todas as finais e também já faz parte do passado. O que vale agora é começar a pensar no próximo treino. Entramos com a responsabilidade de carregar o país nas costas, e conseguimos o objetivo”, disse Reis.
Fonte: CBV
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