Vôlei de Quadra
Publicado 05 de julho de 2005
CompartilharTaipei – “Oi, irmã da Ana Paula”. Foi com esta frase que a cubana Mireya Luis, uma das maiores jogadoras da história do voleibol mundial, que está em Taipei como chefe da delegação da seleção feminina de Cuba, cumprimentou Marcelle no hotel em que as delegações estão hospedadas. A levantadora da equipe de José Roberto Guimarães ainda carrega este rótulo, mas diz se sentir orgulhosa por isso, o que mostra a representatividade que a irmã teve em quadra.
O interessante é que foi justamente uma outra passagem com Mireya, em um outro Grand Prix, que Marcelle lembrou ao falar sobre as comparações que sempre foram feitas entre ela e a irmã. “Teve uma história engraçada com a Mireya no Grand Prix de 2003. Ela ficou um tempo me olhando, ninguém entendia o motivo. Até que veio comentar que eu era muito parecida com a Ana Paula. Foi aí que ela ficou sabendo do nosso parentesco”, recorda.
Marcelle conta que as comparações já foram bem maiores. “Eu comecei a jogar como atacante, como ela. Passei a ser levantadora no juvenil, quando duas jogadoras do meu time na época, o Lavras Tênis Clube, se machucaram. Como eu tinha um bom toque, fui escolhida para substitui-las, gostei da posição e fiquei. Mas sempre houve essa comparação com minha irmã, o que só me orgulha. Vejo isso como um espelho. E isso até abriu portas para mim”, garante.
Ana Paula, que abandonou as quadras em 98 para seguir carreira no vôlei de praia, é quase cinco anos mais velha que Marcelle, que tem 28 anos. Ainda assim, jogaram juntas. “Deixei Lavras aos 16 anos para jogar no Minas, clube no qual ela atuava e onde passei por todas as categorias de base. Mas só fomos jogar juntas no mesmo time na temporada 96/97, pelo Leites Nestlé, quando eu já estava no adulto”, diz Marcelle, que depois jogou com a irmã no Paulistano.
O caminho também foi o mesmo com a camisa da seleção. Marcelle defende o Brasil desde 93, quando foi convocada pela primeira vez para a seleção infanto-juvenil. Na adulta, começou 2001. Ela disputa seu terceiro Grand Prix – jogou as edições de 2002 e 2003. Quem muito se orgulha das duas são os pais, Dona Dorinha e Seu Monteiro, que foram obrigados a deixar as filhas seguirem seus caminhos para lutarem pelos seus sonhos, realizados.
Um ensinamento do pai é o que Marcelle costuma carregar como uma lição de vida. “Ele sempre fala que pai e filho são como arco e flecha: quanto maior a distância da flecha, melhor a eficiência dos dois. As pessoas de Lavras, onde eles ainda moram, e onde todos se conhecem, questionavam por que meu pai deixou as duas filhas saírem de casa tão cedo”, conta Marcelle. Hoje, com toda certeza, cada um deles conhece muito bem o motivo. O Brasil agradece.
Fonte: CBV
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