FPV

Rio de Janeiro – Na partida desta quinta-feira(19.01), entre ASBS-Suzano (SP) e BrasilTelecom (DF), dona Rogélia terá uma tarefa impossível em um esporte que não permite o empate: torcer pelas duas equipes. O coração de mãe vai se equilibrar na rede que estará separando suas filhas, as levantadoras Paula, da equipe paulista, e Fernandinha, do time do Distrito Federal. O encontro que colocará frente a frente as duas integrantes da família Ferreira será às 20h, válido pela sétima rodada da primeira fase classificatória da Superliga feminina de vôlei 05/06.

Dona Rogélia estará na arquibancada, vibrando e sofrendo. “Meus pais sempre acompanham nossos jogos. Desta vez meu pai não poderá ir, mas minha mãe estará lá, firme e forte. Ela diz que, como não pode empatar, torce para o jogo ser 3 sets a 2, com 18/16 no tie-break. E que as duas joguem bem, claro”, ri Fernanda, admitindo que dona Rogélia não é a única que sofre. “Já enfrentei minha irmã várias vezes, mas é uma situação com a qual nunca vou me acostumar. Na hora do jogo tento não pensar que é ela quem está do outro lado da rede. Nosso saque precisa funcionar muito bem, pois o ASBS-Suzano é um time rápido”, diz a paulista, de 26 anos, eleita a melhor levantadora da última rodada da Superliga.

Paula usa a mesma tática da irmã para encarar o duelo familiar. “Não dá para pensar na minha irmã como uma adversária qualquer. Tento nem olhar para ela durante o jogo. A Fernanda joga muito com bolas de meio. Temos que estar atentas no bloqueio e na defesa”, explica a jogadora, lembrando que, apesar de muito amigas, as irmãs Ferreira são bem diferentes. “Eu sou mais calma, penso mil vezes antes de fazer alguma coisa. A Fernanda é mais explosiva”, conta.

Com 1,77m e 68kg, Paula, apesar de cinco anos mais jovem, sempre pareceu mais velha que Fernandinha, que tem 1,72m e 66kg. E isso rendeu várias situações engraçadas. “Quando começamos a sair à noite, sempre pediam a minha carteira de identidade e deixavam a Paula passar direto. Eu morria de raiva”, conta Fernandinha, às gargalhadas. “Com uns 15 anos, queria sair sozinha e a Paula pedia para ir junto. Meu pai dizia que eu tinha que levá-la e eu ficava emburrada. Nessa idade, em que tudo é mico, imagina sair carregando a irmãzinha mais nova. Mas agora somos grandes amigas”, conta Fernanda.

Após seis rodadas, Paula é a quarta levantadora mais eficiente da Superliga, com 33,03% de aproveitamento. Fernanda é a sétima, com 24,63%. Sem fazer parte da família, os treinadores de ASBS-Suzano e BrasilTelecom contam com um bom desempenho de sua respectiva Ferreira para vencer o duelo. Hairton Cabral dirige o time paulista, nono colocado, com cinco pontos, e que ainda não venceu na competição. “O BrasilTelecom vem com tudo para cima da gente, mordido pela derrota para o Flamengo/Governo do Estado do Rio. Nossa equipe ainda está um pouco insegura no início dos sets, mas também falta tranqüilidade para fechar em momentos decisivos. A Paula cresceu bastante e a Fernandinha, que foi minha atleta no São Caetano, também é muito técnica. São duas levantadoras capazes de mudar a história de um jogo”, analisa Hairton.

Para William, técnico do BrasilTelecom, as levantadoras têm características de jogo parecidas. “Como toda a equipe, a Fernandinha ainda pode mostrar mais nesta Superliga. A Paula, com quem trabalhei por pouco tempo no São Caetano, vem crescendo muito”, analisa William, preocupado com o lado psicológico de sua equipe após a derrota por 3 sets a 1 para o Flamengo/Governo do Estado do Rio. “Temos que nos recuperar, começar a subir. O time não vem pecando em fundamentos, mas não entra determinado como deveria e isso acarreta erros”, diz William. O principal desfalque da equipe de Brasília é a meio-de-rede Juciely, ainda se recuperando de fratura em dois dedos da mão esquerda.

EQUIPES

ASBS-SUZANO – Paula, Lia (Arlene), Aninha, Juliana, Kenia e Dani Suco. Líber Evelyn. Técnic Hairton Cabral.

BRASILTELECOM – Fernandinha, Mari Hellen, Fernanda Berti, Thaís, Flávia e Fernanda Isís. Líber Stephany. Técnic William.

Fonte: CBV