Vôlei de praia
Publicado 06 de julho de 2015
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Fonte: CBV
Rio de Janeiro (RJ) – O final de semana que começou histórico
terminou com mais marcas e títulos quebrados para o Brasil. Calando uma arena
lotada em Haia, com mais de 5 mil pessoas, Alison e Bruno Schmidt (ES/DF)
venceram em uma virada incrível os holandeses Reinder Nummerdor e Christiaan
Varenhorstpor por 2 sets a 1 (21/12, 14/21, 20/22). Na superação, os
brasileiros salvaram cinco match points adversários na tarde deste domingo
(05.07) para fazer história. A campanha teve oito vitórias e apenas dois sets
perdidos em todo torneio.
Completando a festa, Pedro Solberg e Evandro (RJ) superaram
os norte-americanos Theo Brunner e Nick Lucena na disputa do bronze, vencendo
por 2 sets a 0 (22/20, 21/13). Com as cinco medalhas conquistadas em seis
disputadas – contando o torneio feminino – o Brasil consegue o melhor
desempenho da história dos Mundiais, disputados a cada dois anos desde 1997. No
último sábado, Ágatha/Bárbara Seixas (PR/RJ) foi ouro, Fernanda Berti/Taiana
(RJ/CE) levaram a prata e Juliana/Maria Elisa (CE/PE) ficou com o bronze.
Assim como no feminino, o Brasil também assegura a segunda
vaga do país nos Jogos Olímpicos de 2016. A conquista, porém, pertence ao país
campeão do Campeonato Mundial, e não ao time vencedor. A classificação também
poderia ser obtida através da Continental Cup, do Circuito Mundial e da
Repescagem Mundial. A primeira vaga já era garantida pelo fato de o Brasil ser
o país-sede.
As duas medalhas foram coroadas com mais quatro prêmios
individuais. Bruno Schmidt foi eleito o melhor atacante do torneio, Pedro
Solberg ganhou a honra de maior pontuador. O carioca Evandro foi eleito o
jogador de melhor saque, além de ter o saque mais rápido. Os holandeses
Varenhorst, melhor bloqueador, e Nummerdor, melhor jogador da competição,
encerraram a lista dos destaques do torneio.
O título representa uma importante marca para Alison, que
venceu a competição em 2011, ao lado do ex-parceiro Emanuel, e ficou com a
prata ao lado de Harley, em 2009. Ele se iguala a Adriana Behar e Shelda,
vencedoras em 1999 e 2001, ficando atrás apenas de Emanuel, tricampeão do
torneio. Tudo isso, apenas cinco meses após o ŒMamute‚ retornar de duas operações.
Já Bruno Schmidt conquista sua primeira medalha em um Campeonato Mundial.
“As conquistas na Holanda em um ano pré-olímpico geram duas
coisas importantes à nossa preparação. A primeira é o respeito do vôlei de
praia brasileiro, gerando pressão aos adversários. A segunda é um treinamento
emocional aos nossos atletas, que estão fora da zona de conforto, brigando pela
conquista de uma vaga para representar o país em 2016. O saldo desse Mundial é
muito positivo. Além das medalhas, as oito duplas foram às oitavas de final,
depois tivemos cinco times nas semifinais feminina e masculina. Isso é fantástico
e mostra que estamos no caminho certo”, analisou Franco Neto, gerente de
seleções.
O resultado deste domingo também deixa o país em larga
vantagem no quadro de medalhas dos Campeonatos Mundiais. São 29, sendo 14 no
masculino (seis ouros, quatro pratas e quatro bronzes) e outras 15 no feminino
(cinco ouros, cinco pratas e cinco bronzes). Os Estados Unidos aparecem em
segundo, com 14 medalhas no total, seguidos pela Alemanha, com cinco.
“É um final de semana histórico para o voleibol
brasileiro, ficará na memória de todos. Parabenizamos esses grandes atletas e
trabalharemos para que esses resultados possam se repetir em 2016, no Rio de
Janeiro. Contando com o apoio do Banco do Brasil, nosso patrocinador oficial, e
do Ministério do Esporte e Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Contribuições que
merecem ser destacadas em um momento tão especial”, disse o presidente da
Confederação Brasileira de Voleibol, Walter Pitombo Laranjeiras.
A final
A festa estava preparada para a vitória dos anfitriões, que
pela primeira vez sediaram o Campeonato Mundial e contavam com Reinder
Nummerdor e Christiaan Varenhorst, dupla número um do país, na grande decisão.
Assim que entraram na arena instalada no coração da cidade de Haia,
completamente tomada pela cor laranja, Alison e Bruno Schmidt viram 5.500
entusiasmados torcedores cantarem à capela o hino holandês, e vibrarem com o
primeiro ponto do jogo, marcado pelos donos da casa.
Experientes, os brasileiros não se intimidaram e explorando
bem os contra-ataques viraram o jogo para 3/2. Nos três lances seguintes, porém,
os rivais conseguiram quebrar a recepção brasileira, e abriram 6/3. Em ritmo
avassalador, Christiaan Varenhorst, de 2,12m, parou Alison três vezes
consecutivas no bloqueio para ampliar a vantagem em 10/4 e fazer a arena balançar.
Os brasileiros sentiram o golpe. Sem a força habitual de Alison no ataque e as
defesas providenciais de Bruno Schmidt, a parceria viu os donos da casa abrirem
20/12 e encaminharem a vitória no primeiro set, fechado em mais um bloqueio de
Varenhorst, anotando 21 a 12.
O gigante holandês abriu a segunda etapa mandando novamente
na rede com bloqueios, e a Holanda largou com 3/0. Alison acertou a mão no
saque e acabou com a vantagem adversária, com 4/4. Os holandeses voltaram a
liderar o placar, mas Bruno Schmidt, em um lance de habilidade, empatou em 7/7
com uma largada de segunda.
O lance motivou a dupla, que conseguiu abrir 12/9 antes do
tempo técnico. Vibrantes, os brasileiros alcançaram 14/10 e obrigaram Reinder
Nummerdor e Christiaan Varenhorst a pedirem tempo. A tática de esfriar o jogo não
funcionou e Alison/Bruno Schmidt ampliou a vantagem para seis pontos.
Conscientes, os atletas seguiram imprimindo seu ritmo de jogo e fecharam a
parcial em 21/14, levando a decisão para o set de desempate.
O tie-break começou com ambos os times se respeitando, mas a
Holanda logo abriria 5/2, após erro não forçado do Brasil. A vantagem foi o que
faltava para a torcida holandesa voltar a se inflamar, e os donos da casa
seguirem na ponta, com 8/5. Alison e Bruno Schmidt não se abateram. No bloqueio
de Mamute diminuíram a diferença para 8/7. Alison cresceu no jogo e em outro
grande bloqueio sobre Varenhorst deixou a parceria na cola da Holanda, com 9/8.
Em um intenso rally, os brasileiros empataram o jogo em 10/10,
virando o placar na sequência em grande cortada do camisa número um. O jogo
seguiu com equilíbrio extremo e desfecho imprevisível. Com um ace de Alison, o
Brasil chegou a 14/13 e ao match point, mas o time holandês se recuperou. Na
sequência, Varenhorst bloqueou Bruno Schmidt e conquistou o ponto do jogo, que
foi salvo pelos brasileiros.
Em uma largada sensacional, Alison recolocou o país próximo
da conquista, mas novamente o time rival salvou o match point, empatando em
16/16. Com todos os presentes na arena em pé, inclusive o rei dos Países
Baixos, Willem-Alexander, que prestigiou o grande evento da temporada, ambos os
times acumularam chances de fechar o jogo.
Mas ao invés do hino holandês, o brasileiro ecoaria pelos
quatro cantos de Haia. Com o match point em 21/20, após recepção magistral de
Bruno Schmidt, Alison Mamute surpreendeu Nummerdor com uma largada de segunda
no fundo da quadra e decretou a vitória histórica do Brasil, com 22/20 e 2 sets
a 1.
“Passa um filme na cabeça. Montamos um projeto, e quando
apresentei ao Bruno ele abraçou, acreditando demais. Em nenhum momento passamos
por cima de alguém. Continuamos comendo pelas beiradas. Tive que operar o
joelho e o Bruno me deu forças em todos os momentos. Retirei o apêndice, e
quando abri meus olhos no hospital ele estava ali, do meu lado. Então só tenho
a agradecer. Tentamos representar a pátria da melhor maneira possível, e acho
que conseguimos”, declarou o bicampeão Alison.
Visivelmente emocionado com a primeira conquista de Mundial,
Bruno Schmidt fez questão de lembrar daqueles que de alguma maneira contribuíram
para a trajetória de sucesso na Holanda. “Nunca lidei com tantas emoções
de uma vez só. Passou tudo na minha cabeça, não sei nem o que aconteceu da
metade do tie-break para o final. Essa vitória foi para o Brasil, para todos
que nos dão forças. Vamos pelas beiradas fazendo o nosso, tem muita gente que
confia e acredita na dupla Alison e Bruno Schmidt. Estamos no caminho
certo”, disse.
Após a partida, o brasiliense desbancou fortes concorrentes e
foi eleito o melhor atacante do planeta. “Não acreditei quando anunciaram
que eu sou o melhor atacante do campeonato. Realmente fiquei sem palavras. O
holandês (Christiaan Varenhorst) tem 2,12m, o Alison 2,05m, o Evandro tem 2,10m
e eu 1,85m. Em um evento como esse receber a premiação de melhor atacante é
realmente algo especial”, completou Bruno Schmidt.
Bronze dourado
Pela segunda competição consecutiva Pedro Solberg e Evandro
(RJ) tiveram pela frente os norte-americanos Theo Brunner e Nick Lucena. Na última
partida, entretanto, os cariocas acabaram superados nas oitavas de final do
Grand Slam de São Petersburgo, no único encontro entre os times até aqui. Outro
fator que deixou os jogadores com sede de vitória foi a maneira como a dupla
foi derrotada pelos holandeses Reinder Nummerdor e Christiaan Varenhorst na
semifinal, em um lance controverso da arbitragem.
Com atitude, e Evandro quebrando a recepção adversária, o
Brasil marcou os primeiros pontos do jogo. Os adversários reagiram e viraram o
placar em 6/5, com Brunner parando Pedro Solberg na rede. O camisa um se
recuperou e a dupla brasileira voltou a impor seu voleibol agressivo, retomando
a dianteira em 15/12. Na reta final, Evandro soltou o braço para fechar a
primeira etapa em 22/20.
Dono do melhor saque do Circuito Brasileiro de Vôlei de
Praia, o carioca de 2,10m seguiu bem no fundamento para colocar a parceria em
vantagem também no início do segundo set. Os Estados Unidos cresceram na
partida, mas o Brasil seguiu com o controle das ações, com Pedro Solberg e
Evandro se movimentando muito bem em quadra.
Quando Evandro soltou o braço para marcar 19/12, em uma sequência
avassaladora de saques, com três aces, a torcida holandesa que lotou a arena de
Haia foi ao delírio e a vitória brasileira já estava encaminhada. Novamente com
o gigante, desta vez no ataque, a dupla fechou o set em 21/13 e o jogo em 2
sets a 0.
“Foi um dia maravilhoso, estou muito feliz com minha
primeira medalha em mundiais. Estou no circuito há 10 anos, e nunca havia
sentido uma atmosfera tão especial quanto essa da Holanda. Sem dúvida é o
melhor Campeonato Mundial já organizado até hoje. Só tenho a agradecer ao meu
parceiro e ao nosso time. Já joguei com vários parceiros na minha carreira, mas
o Evandro é o cara.”, enalteceu Pedro Solberg após a partida.
Alison e Bruno Schmidt somam 1000 pontos no ranking do
Circuito Mundial 2015, além de receberem uma premiação de 60 mil dólares. Já
Pedro Solberg e Evandro (RJ) levam 800 pontos para a classificação do tour
mundial e recebem um prêmio de 35 mil dólares.
Antes do título de Alison e Bruno Schmidt, o país havia sido
campeão com Guilherme e Pará, em Los Angeles (1997), Emanuel e Loiola, em
Marselha (1999), Ricardo e Emanuel, no Rio de Janeiro (2003), Márcio Araújo e Fábio
Luiz, em Berlim (2005) e Alison e Emanuel, em Roma (2001).
Agora, os times voltam as atenções para a corrida olímpica
brasileira e o Circuito Mundial 2015. A próxima parada do calendário mundial é
no Major Series de Gstaad, na Suíça, que já vale pontos para a disputa de vaga à
Olimpíada aos times brasileiros. O torneio ocorre de 7 a 12 de julho, no pé dos
Alpes suíços.
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