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A COR DA RAÇA

Publicado 29 de junho de 2021

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Por Gisela Kodja
 
 
Coroado como a Quarta Maravilha Negra do voleibol brasileiro, José Osvaldo da Fonseca Marcelino carrega o manto com a altivez que se espera. Numa sucessão de grandes talentos – Borboleta, Bené e Pedrão -, conquistou o título suando a camisa e tirando o fôlego da plateia, com jogadas precisas e criativas. O menino pobre, filho de pai pedreiro e mãe cozinheira, foi parar na elite do esporte nacional. Mesmo assim, diz que não acredita na sorte. “O sucesso é resultado de trabalho, persistência e dedicação.”
 
A cor da pele mudou o seu nome e Negrelli levou para os ginásios do Brasil e do mundo a responsabilidade de representar uma raça e uma pátria, na época, bem desacreditadas. Mas, com seu estilo singular, este santista da Vila Belmiro brilhou nas quadras entre os anos 60 e 70, talento reconhecido oficialmente pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB), em homenagem realizada em 2002.
 
Entre as suas conquistas pelo mundo estão o vice-campeonato pan-americano, o tetracampeonato sul-americano, o pentacampeonato brasileiro e a sétima colocação na Olimpíada de Munique (Alemanha), em 1972. Também esteve presente quando a equipe da cidade ganhou sete títulos estaduais e oito edições dos Jogos Abertos do Interior. Ao todo, foram quase 120 partidas pela seleção brasileira e 260 pelo time santista. Como se fosse pouco, Negrelli é o maior representante do Santos Futebol Clube. Vestiu a camisa alvinegra 550 vezes, como atleta e como técnico.
 
Todo mundo sabe que ele fez a diferença, mas como Negrelli nunca se viu jogar, pinta a dúvida: “será que eu tinha tanto talento?”. No Brasil sem memória, não há imagens gravadas dos lances espetaculares que marcaram a sua carreira. “Já fizemos um levantamento minucioso na internet e nos arquivos das emissoras de TV e não encontramos nada. Então, eu fico com o que as pessoas me dizem e acabo acreditando que eu jogava bola pra caramba.”
 
Os campeonatos arrastavam multidões e os treinos na areia juntavam muita gente. Não era pra menos. Apaixonados pelo vôlei, os craques não queriam descanso. Nos finais de semana, montavam rede na praia e a simples brincadeira entre os atletas ganhava ares de um torneio emocionante. Era uma turma da pesada, formada pelos amigos e os ídolos de Negrelli. Orgulhoso, ele desafia qualquer um a imaginar uma partida com Pona, Netuzzi, Calomino, Vergara, Cleiton, Jacaré, Toro, Oscar Pinheiro e outras estrelas que apareciam por lá. Na época, cada barraca tinha a sua rede, “nós íamos passando por cada uma delas, propondo jogo e ganhando todas.” Diante da lembrança, ele solta uma gargalhada, dá uma pequena trégua para a sua modéstia e dispara: “Era um show, mesmo.”
 
Negrelli está com 71 anos, deixou de jogar profissionalmente há 33 e, entre lá e cá, teve uma academia de ginástica, virou técnico, foi Secretário Municipal de Esportes e coordenador das equipes de vôlei do Santos. “Encerrar uma carreira que te deu tantas alegrias é muito difícil. Por isso, me programei para não ficar com o tempo livre.”
 
Hoje, além de professor universitário, Negrelli resgatou um sujeito chamado José Osvaldo da Fonseca Marcelino, que se dedica a um belo time formado pela mulher, Maria Silvia (falecida), 3 filhos e dois netos. Diz que está pensando em escrever um livro contando toda essa história.

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